A tecnologia pode ser utilizada a favor de todos os seres humanos, assim como comentamos recentemente em uma postagem sobre como a impressão 3D pode mudar a forma de consumo, desde a produção de bens de consumo até a produção de sensações, que, em alguns casos, podem ser mais reais do que nunca. As impressoras 3D, equipamentos capazes de imprimir objetos através de camadas de matéria-prima, fazem parte de uma verdadeira revolução no mundo da transformação do virtual para o real, possibilitando que peças feitas em softwares de computador se tornem, mais rapidamente, um bem palpável, capaz de ser tocado e de tocar a alma das pessoas, no melhor sentido da palavra.
Museu da Espanha usa impressora 3D em mostra para cegos
Com o objetivo de aproximar deficientes visuais de sensações indescritíveis e, ao mesmo tempo, para promover o contato com a arte e suas variações estéticas, o Museu do Prado, em Madri, na Espanha, trabalhou com o apoio da ciência e da impressora 3D para desenvolver uma mostra de arte direcionada ao público com visão reduzida ou nula.
Os cegos que passaram pelo centro de artes puderam contestar uma máxima e atestaram que aquilo que os olhos não vêem, o coração pode sentir! O nome da mostra é Hoy Toca El Prado e os visitantes aproveitaram cada obra de arte passando as mãos sobre a superfície de réplicas das peças originais, criadas com as impressoras 3D. Todas as imitações foram feitas com precisão milimétrica, definição absoluta e em três dimensões.
As obras que estavam replicadas na mostra Hoy Toca El Prado foram produzidas por artistas de reconhecimento mundial como Velázquez, Goya, Leonardo Da Vinci e El Greco.
A técnica de impressão 3D utilizada na exposição de obras de arte para deficientes visuais se chama Didú. Nela, pesquisadores da Espanha usaram componentes físicos capazes de saltar dos quadros, criando relevância suficiente em todos os detalhes da tela e, consequentemente, promovendo a sensação tátil necessária para não somente identificar, mas sentir e interpretar cada uma das obras de arte.
O Didú utilizou como referência a tecnologia das impressoras 3D, porém aplicou materiais químicos diferentes, ideais para a reconstrução das telas que fizeram parte da exposição para cegos. O processo consiste em escanear a imagem da pintura original em altíssima definição. Após o reconhecimento da imagem, a técnica chamada Didú faz cálculos e análises para aplicar a textura conveniente para reproduzir a imagem em alto-relevo. Dessa forma, os cegos podem guiar seus sentidos através do toque e conhecer obras de arte e um mundo de sensações que elas são capazes de provocar.